quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

Papisa Joana - Resenha do livro.

Prometi para algumas amigas internautas que o 1º post de 2011 seria uma resenha do livro que estou terminando de ler, que trata da história de vida de ninguém menos do que a única mulher a chegar ao trono de São Pedro.
O livro tem o dom de nos transportar para o século IX, em toda sua brutalidade e terror, um tempo onde tudo o que não podia ser aplicado a fé cristã era Bruxaria, onde as mulheres eram tratadas como uma mercadoria sem valor, só serviam para procriar e cuidar de suas casas.
Joana de Ingelheim, filha de um inglês à serviço da Igreja e de uma mãe saxã, que cultuava os Deuses da Antiga Religião Nórdica, cresceu num ambiente envolto em brigas e privações, onde tudo o que ela desejava era estudar, aprender.
Joana aprendeu a ler escondida dos pais, falava tudesco, saxão, grego e latim quando chegou a Roma.
Sobre o disfarce de João Anglico se tornou médico de confiança do Papa, dado seu conhecimento profundo de ervas, adquirido nos tempos de monge em Fulda.
A Papisa Joana é um dos personagens mais fascinantes de todos os tempos, e um dos menos conhecidos. Embora hoje negue a existência dela e de seu papado, a Igreja Católica reconheceu ambos como verdadeiros durante a Idade Média e a Renascença. Foi apenas a partir do século XVII, sob crescente ataque do protestantismo, que o Vaticano passou a destruir as provas da existência da mulher papa.
A escritora Donna Woolfolk Cross em seu trabalho de pesquisa, ao romancear sua vida, consegue nos fazer viajar no tempo e mais ainda, para nós mulheres fica facil encarnar os medos e ódios de Joana, Gudrun (sua mãe), a parteira Hrotrud, e outras mulheres que aparecem durante a história sendo usadas como pano de chão pelos homens.
Essa Joana nascida em 814 parece ter o mesmo espirito guerreiro e destemido de outra Joana nascida em 1412 na França... sim... Joana d'Arc, a Donzela d' Orleans que livrou a França do dominio inglês.
Não consigo parar de pensar que dentro de cada uma de nós existe uma Joana, capaz de mudar as leis, quebrar grilhões, subir ao posto mais alto, cansada de ser subestimada, maltrata, humilhada.

Durante séculos a religião dominante julgou as mulheres como seres inferiores, pecadoras e portadoras da semente do mal, está na hora de mostrar que somos portadoras da luz... herdeiras por direito da Senhora Criadora de Todas as Coisas, Isis, Astarte, Diana, Hécate, Kali, Inanna, Nu Kua, Pachamama, IxChel, Deusas tão antigas quanto a própria Terra que habitamos, são nossas ancestrais.
Me orgulho de ser representante dessa força primordial... a Força Criativa Feminina.

Da futura historiadora...
Babi Guerreiro