quinta-feira, 30 de outubro de 2008

Absorvente ecológico - Parte 2

Onde encontrar absorventes reutilizáveis no Brasil?
aBiosorventes: bonitinhos e ecologicamente corretos
Bom, sempre dá pra fazer você mesma - ou mandar fazer na costureira ou na casa da avó, que tem máquina de costura. Mas agora já dá para comprar pronto aqui também, o que antes era um privilégio de americanos e europeus. Bonitinhos e ecologicamente corretos, os aBiosorventes são os primeiros absorventes reutilizáveis produzidos em escala comercial no Brasil.
Quem responde pela obra é Diana Hirsch, uma geografa carioca de 26 anos que está se preparando para cursar mestrado em Saneamento Ambiental. Tudo a ver com a função de fabricante e divulgadora de absorventes reutilizáveis: "Meu interesse é juntar a saúde da mulher com a questão dos resíduos sólidos, atrávés do aBiosorvente".
O projeto iniciou depois que Diana assistiu a um vídeo, produzido pelo curso de comunicação da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, chamado Conexão: Dioxina. "Esse vídeo explicava o que era a dioxina, e mostrava que na Alemanha as pessoas tinham a opção de comprar produtos que não fossem branqueados. As meninas da turma pensaram então em fazer um absorvente que não precisasse conter dioxina".
Diana então foi para a Internet, pesquisar. Achou dezenas de opções de absorventes sem dioxina e reutilizáveis - todos caros de importar. Sabendo costurar, ela resolveu então fabricar seus próprios absorventes. "Algumas amigas quiseram, e as amigas das amigas também, e aí pensei que seria uma boa trazer essa discussão para o Brasil".
Os aBiosorventes custam R$ 4,00 - ou 3 unidades por R$ 10,00. Para comprar, visite o site.
Diana contou para Planeta na Web como é conviver intimamente com os aBiosorventes:

Planeta na Web - Como é a aceitação de seu absorvente reutilizável?
Diana Hirsch - Bastante diversificada. Tem pessoas que eu juro que vão entender de cara, e não entendem, e tem outras que eu explico só porque elas perguntam, pois acho que nunca entenderiam, e elas acham a idéia fantástica! Isso vem sendo muito bom para eu parar de julgar as pessoas só pelas aparências... Venho descobrindo que a aceitação dos aBios passa por uma discussão muito maior: desde uma auto-aceitação, não ter nojo de lavar o próprio sangue, até um envolvimento maior com o Planeta, de cada um ser consciente da sua parcela de responsabilidade e de possibilidade. Olhando com um olhar mais macro.

PnW - Como fazer para lavar? Não é anti-higiênico?
Diana - É tão simples como lavar uma calcinha, a única diferença é que você precisará deixar de molho antes. Eu costumo deixar de molho um ou dois dias, e depois coloco na máquina de lavar, mas tem gente que depois do molho lava no banho. Com relação à higiene: um absorvente reutilizável não é mais anti-higiênico do que uma calcinha. Se você se sente segura para usar uma calcinha reutilizável, não tem porque não se sentir segura para usar o absorvente. A única pergunta é: você lava bem a sua calcinha?

PnW - Menstruação ainda é um tabu, e não deveria, já que toda a mulher menstrua. Por que você acha que ainda é considerado impuro ou sujo?
Diana - Acredito que ainda é resquício da sociedade patriarcal que a gente vive. O homem não menstrua, e, em geral, não se sente muito confortável com essa situação. Colocar a menstruação com esse status talvez tenha sido necessário para se estabelecer a sociedade nos moldes como se encontra hoje. Uma mulher que vê a sua menstruação e sua condição feminina como algo de bom, certamente é uma pessoa mais fortalecida e segura da sua condição. Isso dificultaria muito o trabalho dos homens. Deve ter sido necessário esse domínio patriarcal por algum tempo, apesar de que eu não sei porquê. Mas acho que já podemos nos fortalecer novamente. Não para 'lutar' com eles, mas para podermos ser livres.

PnW - Qual o impacto que representa o cultivo de uma relação mais saudável com a nossa própria menstruação?
Diana - A nossa sociedade rejeita a menstruação, mas não foi sempre assim. Durante muito tempo, até a Idade Média, vários rituais de fertilidade em adoração à Deusa eram feitos quando as mulheres da tribo estavam menstruando. Até porque elas menstruavam juntas, o que era muito comum. Aliás, apesar do nosso distanciamento, ainda é possível perceber isso: muitas mulheres, quando moram juntas, ou são muito amigas, com muita afinidade, tendem a menstruar na mesma semana! Isso é muito interessante ser notado: por mais que evoluamos tecnologicamente, e cada vez mais nos afastemos da nossa origem animal, acontece algo dentro de nós, mulheres, todo mês, que tem uma estreita relação com a Lua e com outras mulheres próximas a nós. Isso pode nos trazer de volta a nossa condição humana, enquanto seres que também fazem parte da natureza.
Esse texto é parte integrante do texto Incomodada ficava sua avó de Alessandra Nahra

Para quem quer mais informações e gostaria de comprar ou produzir o seu próprio absorvente ecólogico, no final da página do blog à direita nos links me encontre no Orkut, você encontrará o link para a Comunidade Absorvente Ecológico, da qual faço parte, lá existe uma infinidade de informações sobre esse tema.
O Guerreira Interior apoia e participa do Ativismo Pagão - Por uma atitude consciente pró-terra. Nós somos a voz Dela! -Bárbara Guerreiro

Absorvente ecológico - Parte 1

Incomodada ficava a sua avó
Hoje relegada ao banheiro, a menstruação já ocupou um lugar de destaque na vida das comunidades matriarcais. Agora, as mulheres estão redescobrindo o poder inerente a esse ciclo cósmico-feminino. Adotar absorventes reutilizáveis, em vez dos poluidores descartáveis, é um dos passos nesse processo.

Uma pergunta para as mulheres: como você encara a sua menstruação? Como algo que incomoda, que vem de surpresa e a pega desprevenida, manchando calcinhas e causando cólicas? Como um inconveniente que você, se pudesse, não teria? Ou como apenas mais um dos fatos da vida, sobre os quais não temos nenhuma influência e dos quais queremos nos livrar o mais rápido possível?
Se alguma dessas descrições se encaixa na sua visão sobre a menstruação, você provavelmente prefere tampões e mal olha para baixo quando está trocando o absorvente. Quanto menos você ver, ou tiver que lidar com o seu sangue menstrual, melhor. A idéia de um absorvente reutilizável, que você lava em vez de jogar fora, é totalmente alienígena.
Afinal, "incomodada ficava a sua avó" - como dizia o anúncio. As mulheres modernas têm uma infinidade de opções de absorventes e tampões descartáveis. Você compra, usa e joga fora, e isso certamente é um progresso incrível. Fora que mulheres modernas não têm tempo para lavar absorventes. Para que, depois de conquistado o direito ao absorvente descartável, voltar ao tempo da sua avó, que tinha que lavar as embaraçosas toalhinhas higiênicas feitas de flanela?
O raciocínio acompanha os tempos atuais - nos quais, pela praticidade e economia de tempo, se sacrificam recursos naturais e a real qualidade de vida: levar uma vida consciente, em harmonia com o planeta. Os produtos descartáveis são vistos como um progresso e sinônimo de modernidade, porque evitam que se "gaste" nosso precioso e escasso tempo. Muitas mulheres, no entanto, estão preferindo voltar ao tempo da avó, abandonando o destrutivo progresso moderno por uma vida sustentável. E isso tudo pode começar bem perto de nós, no nosso lugar mais íntimo...

Poluição, recursos naturais e autonomia

Estamos pagando um preço muito alto pela praticidade moderna. A produção de descartáveis abusa de recursos naturais que mais cedo ou mais tarde se esgotarão. Absorventes são feitos de papel - leia-se árvores - ou algodão. As árvores, ou o algodão, passam por inúmeros processos de refinamento e branqueamento e acabam grudado na sua calcinha - de onde vão direto para o lixo. Imagine quantas mulheres em idade fértil vivem no planeta. Agora pense em quantos absorventes cada uma dessas mulheres usará durante sua vida fértil. Segundo Diana Hirsch, fabricante dos absorventes reutilizáveis aBiosorventes, "cada mulher usa em torno de 10 mil absorventes descartáveis durante sua vida fértil". Apenas nos Estados Unidos são jogados fora 12 bilhões de absorventes e 7 bilhões de tampões por ano.
Agora imagine para onde vai esse lixo, que não é biodegradável... Imaginou? Não, não existe um limbo dos absorventes. Eles não se desmaterializam assim que desaparecem da sua frente no lixinho do banheiro... Aliás, eles permanecem entre nós por muito tempo, deixando resíduos difíceis de processar, que aumentarão os lixões e a poluição. Certas partes do nosso "modess", por exemplo, podem levar até 100 anos pra se decompor.
Isso sem falar nos componentes químicos, como os agentes que fazem o papel ficar branquinho, e que acabam escorrendo para a terra e contaminando o solo. Por exemplo, a dioxina: subproduto do processo de alvejamento com cloro, é provavelmente a substância que deveria estar mais longe das delicadas partes baixas femininas - já que foi utilizada, numa concentração mais potente, até na guerra do Vietnam. Era conhecida então pelo nome de Agente Laranja.
Outro bom motivo para adotar os absorventes reutilizáveis é a economia. Reutilizáveis podem durar até oito anos, e isso representa um bocado de reais economizados - dinheiro que iria direto para o lixo na forma de absorventes descartáveis. E então chegamos na questão da autonomia. Todos os meses, as mulheres entregam o controle de um processo poderoso e íntimo nas mãos de corporações que não têm a saúde feminina como um de seus objetivos principais. Hoje em dia, se capitaliza tudo - até a menstruação. A publicidade nos diz que é moderno e prático utilizar absorventes e tampões, e nós acreditamos. Se passamos a controlar, nós mesmas, o que fazemos do nosso ciclo mensal, abre-se uma porta para que ocorra uma mudança profunda na maneira pela qual encaramos a "incomodação".

O resgate do feminino e a conexão com o planeta

Ao invés de incômodo, a menstruação pode significar uma chance de interiorização e cultivo da feminilidade. O sangue menstrual, detestado por inúmeras mulheres e considerado sujo em muitas sociedades, pode passar a ser visto de maneira diferente. E então, talvez a idéia de lavar nossos absorventes e reutilizá-los na próxima lua não parecerá assim tão maluca. Afinal, estamos colaborando para um planeta melhor, ao mesmo tempo em que se resgatamos nosso poder feminino.
O uso de absorventes não descartáveis representa um contato mais íntimo com você mesma. "Ao invés de jogar no lixo um sinal de fertilidade, você passa a se relacionar com este sinal, percebendo que a menstruação pode ser uma coisa positiva. É sinal de que você ovulou, e que não precisa ficar preocupada, se seus hormônios estão ok ou não. É sinal de que você fechou um ciclo, assim como a lua, e que agora irá começar outro. É um sinal de esperança do seu corpo, pois é uma limpeza que ele está fazendo para no mês que vem se preparar novamente para gerar uma nova vida", lembra Diana Hirsch. "O ciclo menstrual é um grande presente em termos de flexibilidade, regeneração e criatividade. É um instrumento poderoso para se viver autenticamente, com responsabilidade e consciência", completa Nadia MacLeod, responsável pelo site australiano Menstruation. "Lavar os absorventes e reciclar o sangue no jardim, me mantendo conectada com a Terra, me ajuda a ter consciência dos ciclos da vida".
É preciso mesmo parar de olhar com repulsa, vergonha e medo para esse ciclo que acontece com todas as mulheres. Esse sentimento de sujeira, na opinião de Diana Hirsch, é resquício da sociedade patriarcal em que vivemos. Mas a humanidade nem sempre viveu no patriarcado. Há muito tempo, existiam sociedades de organização matriarcal, nas quais as mulheres eram respeitadas e veneradas e Deus não era Deus - e sim Deusa. Segundo Nadia MacLeod, na medida em que o patriarcado começou a se expandir, as culturas baseadas no culto à Grande Deusa ou à Mãe-Terra foram dizimadas ou se esconderam. "Com isso, se perdeu a reverência, conhecimento e poder inerentes ao ciclo menstrual. Lara Owen, no livro Seu Sangue é Ouro - resgatando o poder da menstruação, completa: "Nos últimos milhares de anos, todas as principais religiões do mundo tornaram-se patriarcais, e todas elas valorizam o intelecto e o espírito acima do corpo e dos instintos".
As sociedades que cultuavam a Grande Deusa viam a menstruação como um processo mágico, quando a mulher podia se conectar com os ciclos do planeta e da vida. "Durante muito tempo, até a Idade Média, vários rituais de fertilidade em adoração à Deusa eram feitos quando as mulheres da tribo estavam menstruando", diz Diana. "O sangramento periódico das mulheres era um acontecimento cósmico, como os ciclos da lua e a subida e descida das marés", afirma Elinor Gadon no livro The Once and Future Goddess. Nadia MacLeod completa: "A menstruação, que já foi considerada uma ferramenta de alto poder de cura para as mulheres e suas comunidades, agora está confinada ao banheiro".

Texto didático e brilhante de Alessandra Nahra

quarta-feira, 29 de outubro de 2008

As Três Faces de Afrodite

Afrodite talvez seja a Deusa grega mais conhecida pelas massas. Mas será que de fato a conhecemos?
Tentei reunir aqui um pouco do trabalho de pesquisa que fiz em busca das origens do culto e facetas de Afrodite, mas a medida em que minha pesquisa avançada, eu percebia que nenhuma pesquisa, por completa que seja, conseguirá tocar a verdade sobre a conhecida Deusa do Amor.
Há quem considere Afrodite uma variação da Deusa sumeriana do amor e da guerra, Inanna e, isso explicaria o nascimento de Afrodite ter sido no mar, pois somente por essa via o culto à Deusa do amor chegaria do oriente ao ocidente. Talvez seja por esse motivo que Afrodite é também considerada protetora dos viajantes.
De fato, estudando ambas, pude notar muitos pontos em comum. No entanto, a idéia central desse trabalho não é traçar uma comparação entre as duas Deusas, mas compartilhar minhas pesquisas focadas em Afrodite.
Começando pelo seu nascimento, encontrei três versões diferentes.
A primeira versão é segundo Hesíodo – poeta grego da idade arcaica, que escreveu “A gênese dos deuses” e “Os trabalhos e os dias” – para quem Afrodite teria nascido do falo de Urano, extirpado por seu filho Cronos.
Cronos, o filho mais novo de Gaia ou Geia e Urano (Terra e Céu), cortou os genitais do pai porque ele aprisionara seus irmãos nos confins da Terra, no Tártaro.
O falo de Urano foi jogado no mar e das espumas desse nasceu Afrodite. Essa versão explica a origem do nome de Afrodite, “nascida da espuma”.
Logo após seu nascimento, a Deusa nadou até chegar na ilha de Citera. Por isso também é conhecida pelo nome de Citeréia. Segundo a lenda, por onde Afrodite passava, a relva se renovava, as flores nasciam, ela trazia o amor maior, o amor que tudo fertiliza, que embeleza.
Vale, portanto, a associação da Deusa do amor com a primavera, pois está intimamente ligada à vida que se renova, às flores, aos nascimentos. Para corroborar essa associação, encontramos uma outra denominação para a Deusa, Antheia, a Deusa das Flores.
Depois de Citera, Afrodite foi para Chipre, onde foi recebida pelas Horas, guardiãs da porta do céu (o Olimpo) e filhas de Têmis, Deusa da Justiça. Nessa ocasião, Afrodite foi vestida por elas e, em seguida, levada à presença dos Deuses. Encantou a todos, claro!
É dessa versão do nascimento de Afrodite que nasce a chamada Afrodite Urânia, doadora do amor universal, da qual falaremos mais além. A segunda versão de seu nascimento é encontrada, entre outras fontes, em Homero, poeta grego que viveu por volta de 850 a.C em Jônia, antigo distrito grego onde hoje situa-se a Turquia. Homero escreveu Ilíada e Odisséia, porém, há sérias controvérsias históricas em razão da diferença de estilo entre as duas obras. A controvérsia é tanta que há quem ponha em dúvida, inclusive, a existência de Homero. Dessa discussão nasceu a expressão “questão homérica” a qual se diz quando estamos diante de um impasse.
Pois bem, segundo essa segunda versão do nascimento de Afrodite, descrita também por Homero, a Deusa teria nascido de Zeus e Dione. Porém, me parece que nessa versão encontramos uma forma de restringir a amplitude e força da Deusa.
Entre as discrepâncias encontradas nessa versão, a que mais me chamou a atenção foi o fato de Afrodite ser também conhecida pelo nome de Dione, que é a forma feminina de Zeus, conhecida como Deusa das águas, das fontes, do carvalho e dos oráculos, sendo essa última característica de Afrodite, pouco mencionada.
A terceira versão do nascimento de Afrodite é pouco conhecida. O que sabemos é que Afrodite teria nascido de um caramujo e desembarcado de uma concha na ilha de Citera.
Em Cnido – costa da Ásia maior – o caramujo é considerado uma criatura sagrada da Deusa. Outra ligação de Afrodite com o caramujo está na lenda de que Afrodite, antes do Olimpo, viveu no mar, na companhia de um caramujo de extrema beleza chamado Nérites, filho de Nereu, uma das facetas da triplicidade da divindade do mar conhecida como “O Velho do Mar”. Pouco se sabe dessa terceira versão do nascimento da Deusa, mas é inegável a relação de Afrodite com o caramujo.
Essas três versões da origem de Afrodite nos falam de seu nascimento na água. Afrodite nasce na água, ou da água do mar, o por nós conhecido útero primordial. Nós, seres humanos, também nascemos na água. Talvez nosso passado intra-uterino faça com que tenhamos tanto amor por essa Deusa maravilhosa, e talvez seja também esse nosso passado intra-uterino que nos dê a sensação de retorno às nossas origens quando mergulhamos no mar. Outro ponto interessante sobre a força de Afrodite é que Ela é o amor que tudo gera. Nós também somos, ou temos, esse amor que nasceu nas águas. A água é símbolo do nosso inconsciente, do nosso lado feminino, da fertilidade, da emoção. O oceano primordial de onde crêem alguns termos nos originado me lembra muito o nascimento de Afrodite e sua relação com a humanidade. Quem sabe Afrodite não seja a expressão humana dessa vida, pois tudo que ela toca se torna fértil, pulsante e vivo. Quem sabe Afrodite não seja essa própria força geradora da vida. Afrodite e a humanidade, que relação impressionante. Mesmo entre os que dizem não cultuar a Deusa, nutre por Ela uma estranha ligação. Como Deusa do Amor Maior, da beleza e da vida Afrodite também pode ser cruel, destruidora, como veremos. Nesse ponto reside a estreita conexão de Afrodite com a humanidade. Temos em nós esses dois pólos, essas duas versões de nós mesmos. A bem da verdade, não seria correto dizer “dois pólos de Afrodite”. Poucos conhecem a versão tríplice da Deusa do Amor. Porém, noto que, cada vez que pesquiso sobre aspectos de determinada divindade, sempre encontro essa característica tríplice que, pasmem, também não pára no número três. Mas isso é assunto para outro texto. Hoje o que conhecemos de Afrodite é reduzido ao quesito amor. Porém, Afrodite se mostra muito além do que se é possível escrever sobre a Deusa.
Afrodite não é somente a Deusa do amor e da beleza. A primeira face de Afrodite, em sua triplicidade, é Afrodite Urânia, distribuidora do amor universal, a doce, a bela, aquela que une os pares com amor, que dá cor e beleza ao mundo. É a Deusa do céu, das estrelas, do amor celestial. Sempre que penso nesse aspecto de Afrodite, me lembro da já mencionada Inanna, a Deusa dos Céus, como provedora, amorosa.
A segunda face é Afrodite Pandemos, que está intimamente ligada a questões carnais, sexuais, físicas, materiais. O amor sensual é domínio dessa faceta da Deusa, é Ela quem nos oferece os prazeres do corpo, que desperta o desejo, que nos faz querer a beleza para conquistar.
O terceiro aspecto é o menos conhecido, Afrodite Apostrófia, que significa “aquela que se afasta”. Esse é o aspecto destruidor da Deusa, o aspecto mais difícil e menos explorado. É como se quisessem deixar à mostra somente o lado que convém. Vemos muito disso ao estudar essa Deusa. Afrodite Apostrófia é que deturpa, a que escraviza e a que traz a mazelas, as desgraças. Penso muito nas modelos anoréxicas e bulímicas quando ouço o nome Afrodite Apostrófia.
Como dissemos, em verdade, não se trata de apenas três faces. O culto de Afrodite e suas faces vão variando conforme a época, o local e a ideologia do povo.
Temos, por exemplo, Afrodite Eleêmon, cultuada em Chipre como “A Misericordiosa”, cuja imagem se assemelha muito com a da Virgem Maria, porém, sem o aspecto da castidade.
Afrodite Pasifessa, “A que brilha longe”, conhecida como a Deusa lunar que rege os mistérios do inconsciente.
Afrodite Zeríntia, que muito se assemelha a Hécate. Afrodite Zeríntia é uma face da Deusa que está além do Olimpo, cujos domínios são além da Terra e do céu, assim como Hécate. Para os atenienses, Afrodite Zeríntia era a mais velha das moiras. Outro ponto em comum com Hécate era o sacrifício de cachorros, feitos em honra à Afrodite na costa trácia, posto que esse animal era consagrado à Afrodite Zeríntia.
Afrodite Genetílis, outra faceta da Deusa, também recebia sacrifícios. Ficou conhecida como Vênus Genetrix, pelos latinos, a Deusa dos partos. Temos também conhecimento de um outro aspecto da Deusa, Afrodite Hetaira, que era venerada pelas cortesãs. Diferentes das prostitutas pobres e não cidadãs, as hetairas eram treinadas desde cedo nas artes do sexo. Aquele que comprava uma hetaira pagava uma soma muito alta. Tratava-se de um investimento. Muitos pagavam fortunas pelos favores sexuais das hetairas, e investiam também nos dotes artísticos delas. É fato histórico que algumas hetairas acabaram comprando sua liberdade, tornando-se grandes e conhecidas mulheres.
Em Esparta, Afrodite era adorada como Enóplio, portando armas, e Afrodite Morfo, a acorrentada. Era chamada de “a de corpo bem feito” ou “a de várias formas”.
Afrodite Ambológera era adorada também em Esparta como aquela que adia a velhice, trazendo vigor físico.
Temos também a Afrodite Negra, ou Melena/ Melênis, dominadora dos mistérios da morte e destruição, aspecto relacionado com as Erínias.
Aliás, os aspectos negros de Afrodite são os que menos conhecemos. Podemos citar Afrodite Andrófono, a matadora de homens; Afrodite Anósia, a que peca, e Afrodite Tamborico, a cavadora de túmulos.
Existe também a ligação de Afrodite com Perséfone. Afrodite Persefessa era invocada como Rainha do submundo. Interessante notar que Eurínome, a Deusa primordial dos pelasgos, também tinha relação com o mar, era a Deusa dos prazeres, governou antes do patriarcado olimpiano e foi rebaixada, deixada de lado. Como podemos ver, Afrodite é muito mais complexa do que lemos por aí. Não daria para explanar toda a complexidade da Deusa nesse trabalho.
Afrodite não se resume ao amor físico, nem ao amor universal, nem ao sexo, nem à beleza. Ela rege tudo isso e muito mais. Afrodite é o amor entre seres e intra seres, é o amor que cria, mas é também o amor que ceifa. Afrodite está presente no sexo, no prazer, Ela é o desejo, a vontade entre dois seres. É Ela quem faz com que duas pessoas se desejem e desse desejo mútuo, dessa explosão de energia entre dois corpos, duas mentes e dois espíritos possa ser criado um outro ser, pois Afrodite é doadora da vida também. Afrodite é a própria beleza da Terra, não diz respeito somente a corpos jovens e esbeltos. Para Afrodite a beleza plástica não vale nada. Afrodite quer a beleza da mente, do corpo e do espírito.De nada adiantará explorarmos as novidades cosméticas se não explorarmos nossa beleza real, aquela que é dada por Afrodite a todos, sem exceção. Afrodite abençoou a todos com a beleza, é uma sabedoria que poucos compreendem. Creio que Afrodite perguntaria às pessoas: De que adianta a sua beleza, sua perfeição se você vive destrói o seu planeta? De que adianta a forma física perfeita se é vazio por dentro? Como pode você desejar a beleza constantemente na sua vida e degradar a sua casa?
Afrodite é doadora da beleza, do viço, porém, Afrodite também deseja que cada um de nós leve a beleza para a vida daqueles que nos cercam.
O que acontece com pessoas bonitas, jovens, que exercem sua sexualidade desmedida?
O que acontece com pessoas que em nome do amor aprisionam outro ser?
O que acontecem com pessoas que buscam a beleza vazia?
Solidão.
Solidão no sentido mais amplo. Afrodite vai embora e leva consigo a real beleza, o sexo pleno, o amor verdadeiro.
É nessa hora que podemos conhecer a face da qual poucos falam, Afrodite Apostrófia, aquela que se afasta.

Texto postado no site Tribos de Gaia por Lua Serena

terça-feira, 28 de outubro de 2008

A Mulher Interior

As vezes as mulheres ficam cansadas e irritadas à espera de que seus parceiros as compreendam. "Por que eles não conseguem saber o que eu penso, o que eu quero?" Elas ficam exaustas de fazer essa pergunta. No entanto, existe uma solução para esse dilema, uma solução prática e eficaz.
Se a mulher quiser que seu parceiro tenha esse tipo de receptividade, ela lhe revelará o segredo da dualidade da mulher. Ela lhe falará sobre a mulher interior, aquela que, somada a ela mesma, formará duas. Isso ela consegue ao ensinar seu parceiro a fazer duas perguntas de uma simplicidade enganosa que farão com que ela se sinta vista, ouvida e conhecida.
A primeira pergunta é a seguinte: "O que você quer?" Quase todo mundo faz alguma versão dessa pergunta, mas de forma automática. Existe, porém, uma pergunta ainda mais essencial. "O que deseja o seu self mais profundo?"
Quando se ignora a natureza dual da mulher e se julga a mulher pelo que ela aparenta ser, pode-se vir a ter uma grande surpresa, pois, quando a natureza primitiva da mulher emerge das profundezas e começa a se afirmar, é freqüente que ela tenha interesses, sentimentos e idéias muito diferentes dos que manifestava antes.
Para tecer um relacionamento seguro, a mulher também fará as mesmas perguntas ao parceiro. Como mulheres, aprendemos a reunir as forças dos dois lados da nossa natureza e da dos outros também. A partir da informação que recebemos reciprocamente dos dois lados, podemos determinar com clareza o que é mais valorizado e como reagir de acordo com isso.
Quando a mulher consulta sua própria natureza dual, ela está cumprindo o processo de olhar, examinar e sondar o material que está para além do consciente, sendo, portanto, muitas vezes surpreendente no seu conteúdo e no seu tratamento, e quase sempre de imenso valor.
Para amar uma mulher, o parceiro deve também amar sua natureza primitiva.
Se a mulher aceitar um companheiro que não possa amar ou que não ame esse seu outro lado, ela sem dúvida acabará arrasada sob algum aspecto e deixada a vaguear cambaleante, em desmazelo.
Portanto, os homens, tanto quanto as mulheres, devem identificar suas naturezas duais. O amante mais querido, o pai mais valorizado, o amigo ou "homem selvagem" mais valioso é aquele que deseja aprender. Quem não se delicia com o aprendizado, quem não é atraído por novas idéias ou experiências não conseguirá passar do marco de estrada junto ao qual está descansando agora. Se existe uma força que alimenta a raiz da dor, ela é a recusa a aprender além do momento presente.
Sabemos que a criatura Homem Selvagem está à procura da sua própria mulher terrena. Com medo ou não, é um ato de profundo amor o de se permitir ser perturbado pela alma primitiva dos outros. Num mundo em que os seres humanos têm tanto medo da "perda", existe um excesso de muralhas protetoras contra o mergulho na numinosidade de outra alma humana.
O companheiro certo para a Mulher Selvagem é aquele que tem uma profunda tenacidade e resistência de alma, aquele que sabe mandar sua própria natureza instintiva ir espiar por baixo da cabana da alma de uma mulher e compreender o que vir e ouvir por lá. O bom partido é o homem que insiste em voltar para tentar entender, é o que não se deixa dissuadir.
Portanto, a tarefa primitiva do homem consiste em descobrir os nomes verdadeiros da mulher, não em usar indevidamente esse conhecimento para ganhar controle sobre ela, mas, sim, para captar e compreender a substância numinosa de que ela é feita, para deixar que ela o inunde, o surpreenda, o espante e até mesmo o assuste. Também para ficar com ela. Para entoar seus nomes para ela. Com isso os olhos dela brilharão. E os dele também.
No entanto, para que não descansemos antes da hora, há ainda um outro aspecto da identificação da dualidade, um aspecto ainda mais apavorante, porém essencial a todos os amantes. Enquanto um lado da natureza dual da mulher pode ser chamado de vida, a irmã "gêmea" da vida é uma força chamada morte. A força chamada morte é uma das bifurcações magnéticas do lado selvagem. Se aprendermos a identificar as dualidades, acabaremos dando de cara com a caveira descarnada da natureza da morte. Dizem que só os heróis conseguem suportar a visão. O homem selvagem sem dúvida consegue. A mulher selvagem, sem a menor sombra de dúvida, consegue. Na realidade, eles são inteiramente transformados pela visão.

Texto retirado do livro: Mulheres que correm com os lobos de Clarissa P. Estes.

sábado, 25 de outubro de 2008

Recolhimento Sagrado Feminino


Observando os ciclos de nosso corpo, entramos em sintonia com o corpo maior e organismo vivo e pulsante que é a Mãe Terra. Nós, mulheres, carregamos em nosso corpo todas as Luas, todos os ciclos, o poder do renascimento e da morte. Aprendemos com nossas ancestrais que temos nosso tempo de contemplação interior quando, como a Lua Nova, nos recolhemos em busca de nossos sonhos e sentimentos mais profundos. As emoções, o corpo, a natureza são alterados conforme a Lua. Nas tradições antigas, o Tempo da Lua era o momento em que a mulher não estava apta a conceber, era um período de descanso, onde se recolhiam de seus afazeres cotidianos para poderem se renovar. "É o tempo sagrado da mulher", o período menstrual, conforme nos conta Jamie Sams, "durante o qual ela é honrada como sendo a Mãe da Energia Criativa". O ciclo feminino é como a teia da vida e seu sangue está para seu corpo assim como a água está para a Terra. A mulher, através dos tempos, é o símbolo da abundância, fertilidade e nutrição. Ela é a tecelã, é a sonhadora. Nas tradições nativas norte-americanas há as "Tendas Negras", ou "Tendas da Lua", momento em que as mulheres da tribo recolhem-se em seu período menstrual. É o momento do recolhimento sagrado de contemplação onde honram os dons recebidos, compartem visões, sonhos, sentimentos, conectam-se com suas ancestrais e sábias da tribo. São elas que sonham por toda a tribo, devido ao poder visionário despertado nesse período. O negro é a cor relacionada à mulher na Roda da Cura. Também são recebidas nas tendas as meninas em seu primeiro ciclo menstrual para que conheçam o significado de ser mulher. Esse recolhimento não é observado somente entre as nativas norte-americanas, mas também entre várias outras culturas. Diversos ritos de passagem marcam a vida de meninas nativas no seu primeiro ciclo menstrual. Entre os Juruna, quando a Lua Nova aponta no céu, é momento de as meninas se recolherem para suas casas. As meninas kanamari, do Amazonas, também ficam reclusas enquanto dura seu primeiro sangramento, sendo alimentadas somente pela mãe. Assim ocorrem com as meninas tukúna que nesse período de reclusão aprendem os afazeres e a essência do que é ser uma mulher adulta. Observa-se, em alguns casos, como parte do rito, cortar o cabelo e pintar o corpo de negro. São ritos de honra à mulher, e não o afastamento das mesmas pela impureza, como foi mal-interpretado por muitas outras culturas, principalmente a nossa ocidental extremamente influenciada pelos valores cristãos.Nossos corpos mudam nesse período, fluem nossas emoções e estamos mais abertas a compartilhar com outras mulheres, como uma conexão fraternal. Ao observarmos nossos ciclos em relação à Lua, veremos que a maioria das mulheres que não adotam métodos artificiais de contracepção e que fluem integradas ao ciclo lunar, têm seu Tempo de Lua durante a Lua Nova. É importante observarmos como fluímos com a energia da Lua e seus ciclos, e em que período do ciclo lunar menstruamos. A menstruação é um chamado do nosso corpo ao recolhimento, assim como a Lua Nova é um período de introspecção, propício ao retiro e à reflexão. A Lua Cheia proporciona expansão e, se nossos corpos estão em sintonia com as energias naturais, é o período em que estaremos férteis. Quantas mulheres atualmente deixaram de observar os ciclos do próprio corpo? Quantas deixaram de conectar-se com as forças da natureza, deixaram de lado a riqueza desse período de introspecção, recolhimento e contemplação de si mesmas? No nosso Tempo de Lua sonhamos mais, estamos mais abertas à sabedoria que carregamos de nossas ancestrais. Aproveite esse período para conhecer e explorar seu interior, agradecendo os dons e habilidades que possui. Compartilhe com outras mulheres esses momentos sagrados de respeito e fraternidade. Ouse sonhar e exercer seu lado visionária. Note que ao estar em conexão com todas as mulheres e com a própria Mãe Terra, muitos sintomas tidos como incômodos vão desaparecendo. Muitos destes sintomas são a rejeição desse período. Com a competição resultante dos valores da sociedade moderna, muitas de nós esqueceram de ouvir a si mesmas, de sentir a necessidade de seus próprios corpos e corações.
Para finalizar, segue um trecho sobre a Tenda da Lua, de Jamie Sams, falando-nos sobre a importância desse ciclo de religação com a Terra e a Lua: "O verdadeiro sentido dessa conexão ficou perdido em nosso mundo moderno. Na minha opinião, muitos dos problemas que as mulheres enfrentam, relacionados aos órgãos sexuais, poderiam ser aliviados se elas voltassem a respeitar a necessidade de retiro e de religação com a sua verdadeira Mãe e Avó, que vêm a ser respectivamente a Terra e a Lua. As mulheres honram o seu Caminho Sagrado quando se dão conta do conhecimento intuitivo inerente a sua natureza receptiva. Ao confiar nos ciclos dos seus corpos e permitir que as sensações venham à tona dentro deles, as mulheres vêm sendo videntes e oráculos de suas tribos há séculos. As mulheres precisam aprender a amar, compreender, e, desta forma, curar umas às outras. Cada uma delas pode penetrar no silêncio do próprio coração para que lhe seja revelada a beleza do recolhimento e da receptividade".

Texto de Tatiana Menkaiká - Publicado na Revista Viva Melhor - Xamanismo

quinta-feira, 23 de outubro de 2008

Parteira da Consciência, uma das outras...

"Devemos lembrar-nos como e quando cada uma de nós passou por uma experiência da Deusa e se sentiu sarada e integral por causa desta.
São momentos santos, sagrados, intemporais, embora por mais inefáveis que se possam revelar, sejam difíceis de reter em palavras.
Mas, quando qualquer outra pessoa menciona uma experiência semelhante, isso pode evocar as sensações que voltam a captar a experiência; se bem que só aconteça se falarmos da nossa vivência pessoal.
É por isso que necessitamos de palavras para os mistérios das mulheres, o que parece exigir que uma de cada vez explicite o que sabe - como tudo o mais que é de foro feminino.
Servimos de parteiras às consciências umas das outras...."
autora:Jean Shinoda Bolen

Recebi essa mensagem da minha irmã de jornada, que também trabalha com o Feminino Sagrado, Carla Lampert, somos responsáveis pela inserção de uma nova cultura de respeito ao Sagrado Feminino, primeiro entre nós mulheres, depois na sociedade como um todo. Vamos seguindo como Sabrina Alves gosta de dizer, conectadas sempre, nesse espirito de harmonia e amizade.
Saudações as Senhoras da Lua!!!

terça-feira, 21 de outubro de 2008

Só um Gostinho do que rolou em Sampa....

Foram 2 dias maravilhosos... mas quero dividir com vocês três momentos lindos desse encontro "Celebrando Tradições" o primeiro é da minha linda Sabrina Alves, tocando tambor numa meditação linda no final da mesa redonda, um momento mágico de verdade...


Essa foto marca meu encontro com a Sabrina, depois de meses de msn, essa flor que tenho o prazer de dizer que me influência muito. E o reencontro com a Patricia Fox, que tive o prazer de conhecer na palestra: "Despertando as Deusas em nossas vidas" em 2007 em Paranapiacaba. Será que eu pego um pouquinho da unção de força dessas lindas guerreiras?...rsrs


E por ultimo, o encontro com minhas amadas irmãs da Ordem Triluna de Taubaté, minhas lindas, a paixão é recíproca, também me apaixonei por vocês, em breve nos encontraremos de novo, na força da Mãe!!!


E claro não podia faltar uma foto do Beltane realizado pela Tradição Diânica Nemorensis no domingo, só as Poderosas:

Eleine, Eu, Cy e Dayne...inesquecivel!!! Rainhas da Primavera!!!

Ahhh...todas as fotos do evento já estão disponiveis no meu album do orkut, o link para meu perfil está nesta pagina bem abaixo... é claro q só os amigos podem ver...rsrs

sexta-feira, 17 de outubro de 2008

Celebrando Tradições

Estou postando essa mensagem pra dizer que neste sábado (18/10) acontecerá um mega evento em São Paulo, com a participação dos maiores nomes do cenário pagão nacional, com palestras o dia inteiro com temas variados, o preço da entrada para o dia inteiro: 1 kg de alimento não perecivel (menos sal e açucar) que serão doados.
Então além de estar adquirindo conhecimento e confraternizando com pagãos de outras cidades, estaremos ajudando pessoas que necessitam....
ahhh... e não se esqueçam da fita violeta... comemorando o dia do Orgulho Pagão!!!

Eu estarei lá... no intervalo das palestras estarei dando uma força pra minha miga Cynthia lá no stand do Old Religion, quem quiser passe lá pra gente bater um papo e pra ver as novidades do Old, que está imperdivel!!! Cada coisa mais linda do que a outra!!!

Para quem ainda não se inscreveu, ou quer mais informações a respeito do evento deixo aqui o link para acessa-lo, o blog fica em recesso até terça-feira, dia 21/10, quando retomo as atividades.
Espero encontrar muitas de vocês por lá, será maravilhoso estreitar os laços!!!
)0(Bençãos Plenas)0(

http://www.nemorensis.com.br/10anosdebruxaria/local.htm

quinta-feira, 16 de outubro de 2008

Love in the Afternoon

É tão estranho
Os bons morrem jovens
Assim parece ser
Quando me lembro de você
Que acabou indo embora
Cedo demais.

Quando eu lhe dizia:
"- Me apaixono todo dia
E é sempre a pessoa errada."
Você sorriu e disse:
"- Eu gosto de você também."

Só que você foi embora cedo demais

Eu continuo aqui,
Com meu trabalho e meus amigos
E me lembro de você em dias assim
Um dia de chuva, um dia de sol
E o que sinto não sei dizer.

Vai com os anjos! vai em paz.
Era assim todo dia de tarde
A descoberta da amizade
Até a próxima vez.

É tão estranho
Os bons morrem antes
Me lembro de você
E de tanta gente que se foi
Cedo demais

E cedo demais
Eu aprendi a ter tudo o que sempre quis
Só não aprendi a perder
E eu, que tive um começo feliz
Do resto não sei dizer.

Lembro das tardes que passamos juntos
Não é sempre mais eu sei
Que você está bem agora
Só que este ano
O verão acabou
Cedo demais.

Legião Urbana

Essa música eu dedico à minha irmã Cida, que faleceu aos 36 anos, Cedo demais!!!
Além de minha irmã, era minha amiga, companheira, conselheira, e que há quase 10 anos se foi deixando um vazio imenso... a saudade só é menor porque ela me visita em meus sonhos, onde conversamos e colocamos os papos em dia.
Te amuuu... esteja sempre em luz... até logo mais...

quarta-feira, 15 de outubro de 2008

Aos Mestres....com carinho!!!



No dia dos Professores gostaria de homenagear todos os mestres que passaram por minha vida, desde a Tia Rose no meu pré-escolar até a Professora Hellen que lecionava inglês pra mim, até alguns meses atras, todos tem meu apreço e gratidão por tudo que me ensinaram, todos, até os de Química, Matemática e Física (argh)como detestava essas matérias...rsrs...nada pessoal, não rolava!!!
Professora Rosa, Sandra Santos, Hamilton, Ivan, Simone, Regina e tantos outros q foram verdadeiros amigos, mais do que mestres... e ao meu sempre guru: Márcio Duarte, que começou como meu professor no Turismo, se tornou meu amigo, e bem mais tarde meu marido!!! É...as vezes a vida é realmente supreendente!!!


Obrigado por tudo o que me ensinaram, com certeza vocês tornaram a minha vida muito mais rica e inspiradora, minha eterna gratidão à todos.

Tia Rose, Tia Margareth, Tia Denise, Tia Célia, Tia Andréia, Tia Dorothi, Marli Borges, Maria Helena, Rosângela, Rosa, Hamilton, Rildo, Paulo, Câmelo, Sófia, Sandra Santos, Simone, Ivan, Humberto, Marilene, Ricardo, Aldemir, Regina Ferro, Rosa Mink, Rosa Tamizari, Benigno, Luciana, Hellen e mesmo aqueles que não foram citados... pois minha memória já não é mais a mesma...rsrs...um beijo no coração de cada um de vocês! Meus Heróis e Heroínas!!!

terça-feira, 14 de outubro de 2008

Manual da Lealdade Feminina

A Lealdade Feminina é um sintoma da mudança da sociedade rumo a um novo modelo social. Alguma mulheres já estão se conectando. As mulheres tem o Dom da Vida e essa essência feminina que nos irmana é a chave para profundas mudanças no modelo social.

A Lealdade Feminina é transversal. Não podemos esperar que todas as mulheres pensem como nós. Mas a essência feminina que nos une já existe e é preciso religar essa energia para que ela flua de forma permanente, formando uma rede de Luz...

Os 10 Passos para a Construção da Lealdade Feminina são:

1- FEMINILIDADE
Resgatar o feminino essencial e sagrado... Encontrar a harmonia e o equilíbrio interior, reconhecendo o nosso Feminino ancestral, e eliminar a mulher inventada pelo patriarcado.

2- ADMIRAÇÃO
Admirar e elogiar as outras mulheres, valorizar a Mulher... Não somos mais rivais, somos todas IGUAIS em essência feminina... Somos a imagem no espelho, refletida em todas as outras mulheres.

3- TOLERÂNCIA
Mesmo contraditórias, dissonantes ou discordantes, temos de relevar as nossas diferenças e nos unir... Valorizar essa essência feminina como fator de Igualdade, e nos irmanar.

4- SOLIDARIEDADE
Ser solidárias às outras mulheres, na nossa família, na nossa comunidade, bem como a todas as mulheres do mundo, além fronteiras. Deixar de ser a base de sustentação do machismo patriarcal.

5- INDEPENDÊNCIA EMOCIONAL
Caminhar e evoluir em direção à uma maturidade emocional, superando preconceitos patriarcais e crenças absurdas que foram construídas para nos aprisionar e nos manter submissas ao sistema patriarcal.

6- INDEPENDÊNCIA FINANCEIRA
Não aceitar situações degradantes e humilhantes por dependência financeira. Buscar o seu próprio sustento e tbm a realização profissional, como elemento de base para a auto-valorização e auto-estima.

7- DISCERNIMENTO
Compreender e discernir os mecanismos de manipulação dos relacionamentos. Escolher relacionamentos saudáveis e abrir mão dos recursos excusos das mulheres patriarcais, como chantagens e joguinhos de sedução. Sair dessa programação e ser inteira, yin e yang.

8- DEDICAÇÃO
Dedicar uma parte sagrada do seu tempo em seu próprio desenvolvimento pessoal. Descobrir o Dom de cada uma, e realizar a Missão, que é usar o dom para ajudar a construir um novo modelo social, e ajudar a cuidar da Deusa Gaia...

9- COERÊNCIA
Ter uma atitude coerente no dia-a-dia... Procurar uma sintonia entre o pensamento, o discurso e a ação, e caminhar nessa direção... Buscar a harmonia, e uma conscientização profunda... Ser a mudança que deseja no mundo...

10- NOVAS PRÁTICAS
Apenas uma relação de idéias e textos, iniciativas e modelos de participação social... Buscar com a nossa prática concretizar o desejo de um novo modelo social, conhecendo as diferentes alternativas existentes e ajudando a criar novas maneiras de ser e estar ... e cuidar de Gaia...

Texto de Nana Odara do Blog Lealdade Feminina

Essa é uma convocação as mulheres do terceiro milênio, unidas, caminhando de mãos dadas, apoiando umas as outras construiremos uma sociedade equilibrada, harmoniosa para as futuras gerações.
Diga não a exploração emocional, financeira, e social. Diga basta, a degradação de nosso ambiente natural, nossa saúde está ligada intimamente à saúde do nosso planeta. Isso é a Lealdade Feminina, é cuidarmos umas das outras, e da Terra como nossa Geradora, nossa Mãe!!! Conte comigo Nana, vamos espalhar a semente de uma nova consciência social: a Lealdade Feminina!


Rosas para todas vocês, Senhoras da Lua!!!

Credo de um Guerreiro Samurai - anônimo do séc. XIV

Não tenho pais: fiz do céu e da terra os meus pais.
Não tenho lar: fiz da percepção o meu lar.
Não tenho vida ou morte: fiz do fluir e refluir da respiração a minha morte.
Não tenho poder divino: fiz da honestidade o meu poder divino.
Não tenho recursos: fiz da comprensão os meus recursos.
Não tenho segredos mágicos: fiz do caráter om meu segredo mágico.
Não tenho corpo: fiz da resistencia o meu corpo.
não tenho olhos: fiz do relâmpago os meus olhos.
Não tenho ouvidos: fiz da sensibilidade os meus ouvidos.
Não tenho membros: fiz da diligência os meus membros
Não tenho estratégia: fiz da mente aberta a minha estratégia.
Não tenho perspectivas: fiz de "agarrar a oportunidade por um fio" as minhas perspectivas.
Não tenho milagres: fiz da ação correta os meus milagres.
Não tenho principios: fiz da adaptabilidade a todas as circunstâncias os meus
principios
Não tenho táticas: fiz do pouco e do muito as minhas táticas.
Não tenho talentos: fiz da agilidade mental os meus talentos.
Não tenho amigos: fiz da minha mente o meu amigo.
Não tenho inimigos: fiz do descuido o meu inimigo.
Não tenho armadura: fiz da benevolência e da imparcialidade a minha armadura.
Não tenho castelo: fiz da mente imutável o meu castelo.
Não tenho espada: fiz da ausência de ego a minha espada.


É lindo né?! Meu amigão Nathan achou esse credo e postou pra mim no meus depoimentos do orkut como sendo o Credo da Babi Guerreiro... É incrivel como esse credo fala de mim, eu não poderia falar de mim mesma de maneira tão transparente como esse texto!
E o Nathan viu isso!!! rsrs...brigadu migo lindo, te amuuu!!!

quinta-feira, 9 de outubro de 2008

Meu encontro com Gaia

Aqui dividirei com vocês a experiência que mudou minha vida, meu 1º contato com a Grande Gaia, mas antes é necessário lhes dizer que eu nasci e me criei em um bairro de Santos, bem afastado do centro urbano, uma delicia de lugar, com muito verde e um Morro, um lugar tranquilo, onde meu pai e meu irmão mais velho sempre me levavam pra passear, depois mais tarde já na adolescência quando eu precisava ficar sozinha eu me refugiava em uma grande pedra na sumida desse Morro pra pensar... e lá eu sentia a paz e uma tranquilidade imensa!
Com o passar dos anos, me afastei desse contato, com a vida agitada, namoros, estudo, trabalho acabei me distanciando desse relacionamento que eu tinha com a natureza...
Em 2003 estava fazendo o curso de Turismo, e o professor era um eco-chato, não parava de falar do meio ambiente, de consciência ambiental e trilhas interpretativas, e pra nós sentirmos na pele do que ele estava falando, ele programou uma trilha, na época eu estava grávida de 3 meses, e meu ex-marido não estava favoravel ao fato de me enfiar no meio do mato naquelas circunstâncias, mas eu fui mesmo assim, queria muito ir, era o chamado dela....
Ao entrar trilha a dentro sentia-me acolhida, uma sensação de bem estar, de reconhecimento, fazia muitos anos que eu não sentia aquele cheiro de mato fresco com orvalho, era uma sensação tão maravilhosa, sentia-me exultante, uma alegria sem explicação, mesmo gravida não sentia cansaço, queria avançar mais e mais, eu ouvia o professor falando sobre a importância desse contato com o ambiente natural, mas minha alma estava se alimentando na verdade daquela alegria, era como se eu tivesse revisitando uma grande amiga que não via a séculos, estava matando uma saudade que eu não sabia que existia...
Voltei daquela trilha diferente, repensando minha vida, meus hábitos, minhas prioridades, e principalmente minha espiritualidade, foi o 1º passo que dei em direção ao Paganismo (que é uma religião voltada ao respeito e culto à Terra como divindade e fonte de toda a vida), finalmente sem medo tirei minha máscara, colocando um ponto final em um casamento que apesar de bem sucedido aos olhos de terceiros, não me dava real felicidade.
Passei por maus bocados ao assumir minhas convicções, mas as recompensas foram maravilhosas... o professor eco-chato que promoveu meu encontro com Gaia, depois do curso se tornou um grande amigo com o qual aprendi ainda mais sobre minha espiritualidade, e há 3 anos ele se tornou meu marido, com ele divido a responsabilidade de promover esses encontros...hoje também sou monitora de ecotrilha, treinada por ele. Ele apoiou minha busca espiritual, e continua apoiando meus trabalhos com o Grupo de Estudos Pagãos de Santos, e com o Circulo Feminino, compartilhamos nossas ideologias, dividimos nossas experiências e juntos temos projetos para colocar essa nossa soma em prática.
"Cada dia constitui uma nova vida para quem sabe viver" eu não sei quem disse essa frase, mas ela serve como um mantra pra mim, todo dia agradeço por mais um dia de oportunidade para fazer a coisa certa, estar ao lado das pessoas que amo, e sentir a Terra como parte de mim, sentir gratidão pela Terra é o principio do respeito, e o 1º passo para se reconectar à Ela.

A Guerreira Ferida


Após muitas leituras, conversas com outras mulheres e pesquisas decidi me perguntar quem é a “Guerreira Ferida”? É a mulher independente, confiante, bem sucedida, a mulher que conquistou o seu espaço dentro do mercado financeiro, tendo geralmente excelentes cargo e remuneração, muitas vezes sendo chefe de muitos homens. É capaz de resolver qualquer problema e geralmente não pede ajuda, mesmo quando precisa. Conquistou essa posição com muita luta, enfrentando toda a dificuldade que existe para uma mulher ocupar um cargo de confiança em uma sociedade patriarcal, muitas vezes sangrando para isso.
“Durante sua “jornada” essa guerreira, por proteção, veste-se com uma “armadura” e está sempre com sua ”espada” na mão, uma visão simbólica que demonstra estar na defensiva. Acredita que não precisa de companhia, abandonou a fantasia do “Príncipe Encantado”. Algumas vezes essa “Guerreira Ferida” se torna amarga, zangada e se castiga privando-se de vivenciar suas emoções, de demonstrar suas fragilidades, ser espontânea. Só que essa “Guerreira”, na realidade, está muito ferida; a dor é sentida na alma, no coração. Ela está cansada de lutar, a armadura está pesada e ela sente que há necessidade de equilibrar o uso da espada.
Na psicologia feminina, segundo a especialista no assunto, Jean Shinoda Bolen, a “Guerreira Ferida” é um dos arquétipos mais presentes na sociedade atual. Jean Shinoda relaciona este padrão fazendo uma comparação entre a mulher contemporânea e as deusas gregas. Nesta visão a “Guerreira Ferida” é a mulher em desequilíbrio entre os arquétipos das deusas Afrodite e Athena.
A mulher teve que despertar este arquétipo da guerreira para sobreviver na sociedade atual. Ela veste suas armas para realizar seus sonhos. Só que não sabe como equilibrar este padrão com as outras faces do feminino que habitam seu coração e ainda a medida certa entre o equilíbrio das energias masculina e feminina.
Como curar a “Guerreira Ferida”? Segundo Suzana Kennedy, ”a Guerreira Ferida almeja se transformar em Deusa, mesmo que não pudesse usar essas palavras para descrever o seu desejo. Quem é a Deusa? A Deusa é simplesmente a incorporação do Divino em um corpo feminino. Ela tem discernimento e age com integridade. Ela tem uma essência de paz interior que é inabalável. A Deusa irradia uma energia que é tão poderosamente bela, amorosa e suave, que os outros são atraídos para ela como imã.”
A Deusa pode ter sido uma “Guerreira Ferida”, mas curou suas feridas, equilibrou a face guerreira com as outras faces: a mãe, a amante, a menina, a anciã, a protetora, a espiritualista, a sombra, a luz, etc. Ela sentiu todos os seus medos, anseios, raiva, amor, libertando-se, assim. Ela transformou seus sentimentos, a traição e abandono em confiança e tranqüilidade. Ela aprendeu a olhar para dentro e gostar do que vê. Ela combate o ataque espiritual e físico com amor.
A “Guerreira Ferida e a Deusa”: dois arquétipos femininos poderosos. Um cansado e ferido; o outro, radiante e curado.
A mulher que vive o padrão da “Guerreira Ferida”, para ser curada, deve reencontrar-se com sua “Deusa Interior” e isso torna-se mais fácil quando a mulher descobre a sua espiritualidade, sentindo que o divino habita dentro de si mesma. Nesse reencontro essa “Deusa Mulher” renasce e sabe desfrutar toda sua feminilidade com coragem que emana do seu coração. Ela confia plenamente no poder de ser mulher, nos seus instintos, no poder do seu ventre sagrado. Ela se liberta de seus sentimentos suprimidos de traição e abandono. Ela equilibra razão e emoção, masculino e feminino... Ela irradia amor, confiança, beleza. Ela também sente o divino em todos os seres, sentindo necessidade de compartilhar a sua descoberta.
Curada, essa guerreira reconhece e desperta outros aspectos da Deusa que lhe sirvam melhor em qualquer momento.
Reconhecer a ferida e saber que temos a responsabilidade e oportunidade de se curar é o grande segredo para dar o passo definitivo na direção da cura dessa Guerreira que anseia em ser Deusa, isso é possivel, quando aprendemos de novo sobre como acessar nossa sacralidade, reverenciando nossos ciclos como nossas ancestrais faziam, paramos de agir como o sistema nos programou, reprogramamos nossa consciência voltando-se para o centro de nós mesmas, o centro da Terra, o Útero da Grande Mãe. Lá em seu colo nos encontramos com a Deusa Interior, e curamos nossa Guerreira, que aprende a usar sua espada e seu escudo somente quando for realmente necessário. Esse processo ardúo, não acontece de uma hora para outra, mas com dedicação e paciência, conseguimos ótimos resultados, experimente!!!
Fontes de consulta:
Texto “A Guerreira Ferida” de Suzanna Kennedy.
"Mulheres que Correm com os Lobos", de Clarissa Pinkola Estes
"As Deusas e a Mulher", de Jean Shinoda Bolen.

quarta-feira, 8 de outubro de 2008

A Carga da Deusa que Sangra


Ouça minhas palavras, tu que buscas compreender os Mistérios que fazem a Mulher: Pelo teu útero compartilho contigo minha essência de Criadora.
Sou feita de carne que verte sangue, sou a almofada Aveludada onde pousa suavemente o ovo do Ser.
Dentro de mim há um Oceano de Sangue por onde navegam todas as mulheres que estão, estiveram, e ainda todas as que, no futuro, estarão no mundo.
Eu sangro nos inúmeros rios, fontes, lagos e mares deste planeta que é azul só na aparência; na essência, é vermelho.
Vermelho, pois a água da Terra é meu sangue, que dôo com amor e respeito a todos.
Quando algum dia te perguntarem quem é a Deusa que veneras, respondas simplesmente;
Ela é água, que é só isso mesmo que sou: simplesmente água, que é Vida.
No meu Oceano de Sangue tudo o que respira foi concebido, e nele se irmanam todas as fêmeas que sangram. É meu seu uivo de dor, cada mancha nas vestes, cada gemido de prazer .
Cada terror da morte na hora do parto é meu, como também é meu o grito de triunfo da Mãe ao parir.
Sou aquela que vive nos teus sonhos de amor, amamento teus filhos e nutro todas as tuas criações, quer sejam crianças, quer sejam poesias, ideais ou sonhos.
Minha é a Teia da Vida, feita de filamentos de sangue entrelaçados qual renda elaborada; trama e urdidura de presente, passado e futuro.
É minha a sabedoria que agora compartilho contigo: é um grande privilégio ser mulher, mas é um privilégio ainda maior saber ser mulher.
E quando te sentires aprisionada por grilhões que não te pertencem, quando estiveres só ou desanimada, quando fores traída, humilhada, abandonada ou quando apenas te esqueceres de quem és, lembra que sempre tens meu enorme poder, a cada fluxo.
Quando tua Lua de Sangue cintila em flores vermelhas, seja na Lua Clara ou Escura, deixes teu sangue correr pela Terra, uma vez mais, como quando a Mulher era sagrada.
E nessa noite mágica, me chames, e dances comigo, me conheças e fales de mim a outras mulheres que, como tu, estiverem prontas para despertar.
No rio de teu sangue sobre a Terra percebas que tu és a Doadora da Vida, a Mulher de hoje, que é a continuidade das ancestrais que sangraram e deram vida , riram e choraram, celebrando comigo a sabedoria dos ciclos.
Sou tua Mãe, tua Avó e todas as que as antecederam, e tenho todos os rostos, poderes e Visões que elas mandam a ti.
Eu, que sou a Senhora da Lua, sangro gotas de luar sobre o mundo, assim como sangro novos universos em cada parto cósmico, explodindo estrelas.
Sejas forte,
Sejas poderosa,
Sejas abençoada pelo poder de teu sangue.
Sintas a vida que pulsa em tuas entranhas, sintas o bater do meu coração em tuas veias.
Sangres comigo, filha, e compartilhes de meu poder que vivifica os tempos.

Texto de Mavesper Ceridwen

terça-feira, 7 de outubro de 2008

Os Mistérios do Sangue


No livro Sacre Pleasure – Sex, Myth and Polítics of the Body (HarperCollins, 1995), Riane Eisler nos relata que os pigmeus Bambuti, da floresta do Congo, referem-se à menstruação como "ser abençoada pela Lua". Não há, naquela cultura, nada de aparentemente negativo associado ao período da menstruação.
O primeiro sangue menstrual é comemorado com uma festa chamada "elima", que envolve toda a aldeia. Após sua primeira menstruação, ser novamente abençoada pela lua no futuro é simplesmente visto como parte natural da vida da mulher, e não há nenhuma celebração posterior associada a isso. Não existem tabus ligados ao período menstrual e isso, talvez, represente bem a antiga mentalidade não-judaico-cristã.
O fluxo de sangue e seu cessar estão ambos intimamente ligados aos Mistérios Femininos. Menstruação, gravidez, parto e menopausa são aspectos do ciclo vital de todas as mulheres. O sangue, ou sua ausência, assinala naturalmente os estágios de transformação de uma mulher, desde a ruptura do hímen ao sangue do parto, ao fim dos sangramentos na menopausa. Em tempos remotos, o modo como uma mulher usava sua guirlanda era um sinal externo de qual estágio de sua vida ela já havia alcançado.
Em Blood Relations – Menstruation and the Origins of Culture, Knight nos conta que os primitivos humanos que habitavam as florestas, dormiam na copa das árvores sob o céu noturno. Os ciclos de luz da lua apropriadamente influenciavam os ciclos menstruais. A pesquisa de Knight indica que, na maioria das mulheres, o ciclo menstrual começa durante a lua nova e ela ovula por volta da lua cheia. Luisa Francia, em seu livro Dragon Time – Magic and Mystery of Menstruation (Ash Tree, 1991), também afirma que as mulheres que vivem e dormem ao ar livre (longe das luzes artificiais) estão sintonizadas a esse ciclo.
Knight apresenta algumas interessantes descobertas da biologia feminina. Um estudo sobre a duração de 270.000 ciclos de mulheres, representando todas as idades da vida reprodutiva, revelou o seguinte: a mais alta porcentagem simples das mulheres do estudo, menstruaram durante a lua nova. A segunda percentagem mais alta, menstruou durante a lua crescente e apenas 11,5% menstruou durante a lua cheia. Essa pesquisa também indica que a maioria das mulheres mostraram um ciclo menstrual de 29,5 dias. Esse ciclo apresentou-se também como o mais fértil. O estudo ainda trouxe à descoberta de que mulheres heterossexuais que praticavam sexo com regularidade semanal, possuíam ciclo mais intimamente ligado ao ciclo da lua do que mulheres cuja vida sexual era de natureza esporádica ou celibatária. O estudo também indicou que os feromônios masculinos podem estar envolvidos no alinhamento do ciclo menstrual ao chamado ciclo "normal" que se inicia com a lua nova.
Nos Mistérios Femininos, vemos que o sangue menstrual era mais do que o indicador do ciclo de fertilidade de uma mulher. A vagina era vista como um portal mágico através do qual a vida surgia de uma misteriosa fonte interna. Na religião matrifocal, era um portal tanto para a regeneração física como para a transformação espiritual. As mulheres estão mais sintonizadas à sua natureza psíquica durante a menstruação. Uma vez que o fluxo de sangue menstrual tende a absorver energia, as mulheres estão mais aptas a curar os outros durante esse período. Assim, mulheres em menstruação podem absorver a energia dos outros e aterrá-la através de seu próprio sangramento físico. Uma vez que o sangue é lançado à terra, a energia é neutralizada e a cura pode ter início na pessoa adoentada.
O sangue menstrual era, também, utilizado para fertilizar as sementes para o plantio, passando a essência da vida a elas. Campos eram, por vezes, borrifados com uma mistura de água e sangue menstrual para estimular o crescimento. As sementes e plantas absorviam um pouco da energia antes que o solo neutralizasse a carga. Xamãs femininos também transferiam cargas mágicas aos campos cultivados através do sangue menstrual, criados para influenciar a mente grupal da comunidade que se alimentaria da colheita. Durante a Idade Média, as bruxas eram constantemente acusadas de enfeitiçar as plantações...
Outra função do sangue menstrual, era a de ungir os mortos. Acreditava-se que isso asseguraria seu renascimento, graças às propriedades vitalizantes do sangue que jorrava do próprio portal da vida. Durante o Neolítico e o início da Idade do Bronze, na Antiga Europa, a região do Egeu testemunhou a criação de tumbas redondas com pequenas aberturas voltadas para o leste, na direção do sol nascente. Essas tumbas representavam o ventre da Deusa, e a abertura era a sua vagina. Vasos sagrados eram utilizados para coletar o sangue menstrual para ungir os mortos. Eram vasos da fertilidade, luz e transformação. Os mortos eram ungidos com sangue menstrual e posicionados no interior das tumbas. A luz do sol nascente simbolizava a renovação e a regeneração, enquanto penetrava na abertura da tumba (o falo solar penetrando a vagina telúrica). Posteriormente, essas tumbas terrenas evoluíram na forma de montes, remanescentes do Culto ao Mortos.
Em Sacred Pleasure, Riane Eisler relata como os ritos e cerimônias funerários pré-históricos incluíam atos sexuais. Tais atos visavam conectar a tumba à energia da procriação. Símbolos espirais eram constantemente gravados em tumbas neolíticas como sinais da regeneração. Também simbolizavam a transformação xamânica da consciência que empregava cogumelos alucinógenos. Os cogumelos têm fama de afrodisíacos e sua semelhança com a genitália masculina ficava certamente evidente aos primitivos europeus. A rapidez com que os cogumelos crescem e desaparecem também contribuiu para sua associação com o falo. Assim, podemos facilmente associar as danças extáticas com os ritos funerários da magia do sangue.
Nos Ensinamentos Misteriosos, a magia do sangue está ligada às fases da lua. A lua cheia inicia a ovulação e simboliza os poderes de transformação da energia lunar (e, por conseqüência, da energia feminina). Por seu aspecto fértil no ciclo de uma mulher, a lua cheia é o período da mãe. Durante essa fase, é melhor formular e visualizar o que quer que seja desejável na vida de um indivíduo. As imagens mágicas lançam raízes durante essa fase, e o sangue é carregado com quaisquer formas de pensamentos que direcionamos a ele. A lua minguante põe em movimento o que foi concebido durante a lua cheia, para que se manifeste. É um período para estabelecer as conexões com o mundo físico, que irão auxiliar o fluxo de energia relacionada rumo aos desejos do indivíduo. A lua nova libera o sangue carregado do caldeirão mágico do ventre. A energia mágica é, então, usada e é tempo para reflexão e introspecção. A lua crescente é um período de potencialização, de leitura e estudos, preparando o solo fértil do ventre para a semente mágica que será plantada na lua cheia.

Por Raven Grimassi

"Quando menstruo, fica instaurado o meu tempo sagrado de mulher!" Sabrina Alves

sábado, 4 de outubro de 2008

Ritos de Passagem


A expressão francesa “Rites de Passage” foi adotada por antropólogos e escritores europeus para definir todos os rituais e cerimônias que propiciam a passagem de uma pessoa para uma nova forma de vida ou um novo status social. Segundo o escritor Arnold van Gennep, os ritos de passagem são cerimônias que existiram e existem em todas as culturas, antigas ou contemporâneas, primitivas ou urbanas, acompanhando cada mudança de idade, de lugar, de estado ou de posição social.
Infelizmente, nas sociedades modernas estas celebrações foram sendo reduzidas - algumas delas mesmo ignoradas - e outras deturpadas. Vivemos nossas vidas, do berço até o túmulo, com apenas algumas poucas cerimônias marcando nossas transições, como batizado, casamento e enterro.
O nascimento de uma criança era considerado antigamente um ato divino, presenciado, assistido e celebrado apenas por mulheres ( parteiras, sacerdotizas, amigas) com cantos, orações e invocações das Deusas “responsáveis” pela gestação e o parto. Por considerarem a Criação um atributo da Mãe Cósmica, os povos antigos honravam as mulheres como detentoras do dom divino da procriação, por isso o ofício sagrado de trazer uma criança ao mundo era uma função natural e exclusiva das mulheres. As habilidades das parteiras eram ensinadas de mãe para filha, e os preparativos para o parto decorriam em uma atmosfera de harmonia e oração, a mãe amparada por ervas, massagens com óleos aromáticos, cânticos e oferendas para as Deusas. O recem-nascido era apresentado às Divindades e abençoado pelas mulheres presentes, invocando atributos e qualidades para a sua vida (foi daí que se originou a lenda das “fadas madrinhas”). O próprio ato de concepção era planejado, preparando os pais para se conectarem com o espírito do seu futuro filho através de rituais, mudanças na alimentação, jejuns, purificações e orações. Acreditava-se que ao se comunicarem com o espírito da criança, antes dela nascer, os pais criavam laços afetivos mais fortes, facilitando o relacionamento e aceitação recíproca. Mesmo hoje os nativos norte-americanos perfazem rituais para chamar e se comunicar com o espírito do futuro filho. A primeira celebração após o nascimento de uma criança era para honrar a mãe (feita pelas mulheres), enquanto os homens festejavam o pai. A cerimônia de “dar um nome” à criança era programada escolhendo os aspectos planetários favoráveis, enterrando o cordão umbelical da criança embaixo de uma árvore frondosa (que então se tornava o guardião e aliado durante os anos de crescimento) e fazendo oferendas às Divindades para abençoar a vida da criança com saúde, segurança, força e abundância.
Os mais importantes ritos de iniciação dos povos antigos eram para celebrar a primeira menstruação das meninas e a entrada dos meninos para o mundo dos homens (marcada pela circuncisão, tatuagens e testes de força e resistência). Por considerarem o sangue menstrual o “sangue da vida” imbuido de “mana” (poder) respeitado e temido pelos homens e oferecido para a Mãe Terra pelas mulheres, procurava-se imitar nos meninos o primeiro sangue das meninas com cortes e flagelações e até mesmo mutilações. Infelizmente, com o advento das sociedades patriarcais a reverência pela sacralidade do sangue menstrual foi sendo substituida por tabus e superstições, segregando e hostilizando as mulheres, que passaram a ser consideradas impuras, indignas e perigosas (por “roubarem” a força dos homens). As celebrações da primeira menstruação foram substituidas por enclausuramento, defloramentos forçados, proibições e restrições, originando posteriormente os conceitos perniciosos e as sensações “vergonhosas” que assombraram as mulheres ao longo dos últimos três mil anos.
Um rito de passagem totalmente relegado ao esquecimento é a celebração da menopausa. Os povos antigos não consideravam que a vida da mulher era definida pela sua capacidade de procriar. Pelo contrário: acreditavam que a partir do momento em que o sangue menstrual não mais era vertido, mas retido no corpo da mulher, aumentava a sua sabedoria e os seus poderes psíquicos e mágicos. Ao passar do estágio de Mãe para a de Anciã (manifestação da própria Deusa, além de Donzela) as mulheres adquiriam um “status” especial, tornando-se conselheiras, curadoras, profetisas e orientadoras espirituais da comunidade. Ritualizando este conhecimento reconhecia-se e se honrava este momento importante de transição na vida da mulher, quando ela podia assumir e desempenhar outros papéis além dos maternos e familiares.
Por que então este acontecimento tão fundamental na vida da mulher passou a ser negligenciado e depois negado pela sociedade, pela história e pela religião contemporânea? Segundo estudiosos e pesquisadores esta negação foi consequência dos conceitos e atitudes patriarcais que valorizavam a mulher apenas por sua capacidade reprodutiva ou os seus encantos sexuais. Crenças como a de que a mulher perdia sua feminilidade após a cessação da menstruação refletiam os medos inconscientes das mulheres alimentados pelas atitudes de indiferença ou desprezo dos homens em relação às mulheres idosas.
Os antigos conceitos espirituais sobre o poder mágico da mulher fértil foram deturpados para as caricaturas medievais das bruxas velhas, com pêlos no rosto e poderes malignos. Das milhões de mulheres torturadas e trucidadas pelos abomináveis tribunais da Inquisição, a maioria era de mulheres velhas, já que “o diabo anda por lugares áridos”.
Hoje em dia a expectativa de vida aumentou e há uma percentagem cada vez maior da população formada por mulheres pos-menopausa. Como esta ocorre por volta dos cinquenta anos, as mulheres têm ainda mais um terço de suas vidas a produzir. A sociedade não pode mais se permitir ignorar ou marginalizar as mulheres após terem deixado de ser reprodutivas ou “atrativas”. Mais importante do que reverter os preconceitos masculinos é a necessidade das próprias mulheres emergirem do seu marasmo secular e assumirem atitudes positivas em relação a este rito de passagem - não como um fim, mas o início de um novo ciclo.
Aceitar esta nova fase e celebrá-la através de rituais e cerimônias contribuirá para a libertação dos medos sobre a perda da feminilidade, a decadência física e mental, a entrega à passividade, ao vazio, à depressão. Sentindo-se aceita, honrada e celebrada pelas suas irmãs e companheiras de jornada a mulher saberá sintonizar-se com os atributos da Mulher Sábia, da Conselheira, da Mestra e da Deusa Anciã, compartilhando os maduros frutos de suas experiências e vivências.

Por Mirella Faur - www.theiadethea.org

quinta-feira, 2 de outubro de 2008

Caminho da Cura


"Ensine-me a reunir os fragmentos de minha alma,
Resgatando meu potencial perdido.
Eu busco a unidade.
Permita-me encontrar o perdão,
E abraçar uma nova forma de ser,
Abrindo mão da dor e da raiva contra todos que me feriram.
Permita-me curar meu corpo humano,
O veículo sagrado da alma, curando todas as desarmonias
Encontradas na Tigela de Cura.

Permita-me a coragem necessária
para enfrentar os inimigos interiores,
curando minhas fraquezas,
E honrando o guerreiro que ali está.
Permita-me honrar a promessa sagrada,
de ser leal à minha busca de totalidade,
sem nunca abandonar minhas Curas,
nem o coração que bate em meu peito".

Jamie Sams

Que esta seja sempre nossa oração e nosso desejo, honre sua condição de mulher!!!

quarta-feira, 1 de outubro de 2008

Bruxaria Ecofeminista Pagã - Um novo conceito.


Eu creio que a mulher será sempre “n”coisas incompreensíveis, quiçá inexplicáveis.
Como foi assim até hoje.
Como somos agora.
Simplificar o estado “mulher”, “bruxa”, “pagã”, inserindo-a em uma esfera, lhe retira significância; resta valor encaixar-nos em uma nomenclatura apenas por ela ser reconhecida e validada publicamente, isto nos limita e nos parte.
Não investe a mulher de valor.
Não é a modernidade nem o paganismo o que fará dela, uma fêmea libertária e autônoma.
Pode ela ser pagã, nascer no século XXII e ser cópia fiel de outras mulheres de séculos atrás, no que se refere à passividade perante a extirpação dos seus direitos.

Também a questão do gênero não salva a mulher de ser mais ou menos machista, ou mais ou menos aquiescente com a violência no lar ou fora dele; ou com a exploração sexual e menosprezo pelo sexo feminino. Mulheres que amam mulheres estão aí a fora sendo usurpadas da sua liberdade, exploradas física ou financeiramente pelas mulheres que amam...

Então não é o grau de liberdade o que sinaliza ser livre de fato, ou o acesso às escolhas sejam quais forem e nos níveis que forem o que garante à mulher ser um indivíduo livre, consciente dos seus direitos, deveres e feliz.

Nem é a obrigação de procriar o que realiza ao ser humano...

O que nós constrói como seres humanos é o respeito e dignidade para consigo mesmo, o respeito pelas nossas limitações, o amor próprio é o que nós salva da exploração alheia e nos proporciona dignidade, coesão em atos e pensamentos.

É o conceito bem formado interior sobre cada o que salva ao indivíduo de calar, de omitir-se e perpetualizar a nulidade dos direitos humanos e a repetição cíclica da exploração massiva ou particular.

Não é no nível das discussões de ser ou não fêmea ou macho, e o que é melhor, que se resolvem quizilas íntimas e externas, Mas sim a conscientização individual quanto ao que faz bem ou mal a cada indivíduo, e as perdas que podem incorrer na busca incansável pela aceitação do outro a todo custo.

A despersonalização e perda de referencial individual e a mimetização no outro é o que anula o ser humano. O desvaloriza e denigre.

Mas, sempre há um mas, podemos sim as mulheres pagãs aceitar uma bandeira, ideológica, espiritual, ativista e pagã. Que acolha a mulher como ela se mira, como ela se vê refletida em seus espelhos mutantes.
Essa bandeira deve ser flexível, deve conseguir se moldar dentro das múltiplas formas que as mulheres pagãs possuem, claro as mulheres pagãs, que se entendem como Bruxas, como Feministas, como Ecológikas...
Apesar de que rótulos pesem cedo ou tarde, saber que há um nome para aquilo que somos e praticamos, faz com que sintamos “estar em casa”, onde podemos manifestar dizeres que externam o que já passou horas demais internalizado.

Os movimentos femininos das décadas de 60, 70 e cujos reflexos sentimos no hoje, perfazem, ainda que distantes em tempo e geografia, o sentir espiritual do feminino pagão atual. Foi lá naqueles anos vestidos de roupas engraçadas, que o Paganismo Feminino tomou formas, nasceu e perdurou... Não me refiro à história e registros antropológicos, mas a historicidade.
A historicidade é um conceito crucial para o entendimento da história, seja ela considerada “ciência” como queriam os estudiosos do século XIX, ou “narrativa verídica”, como definiu Paul Veyne. É a historicidade que dá caráter factual à vivência, em oposição à narratividade que cerca o homem; é aquilo que dá valor ao antigo apenas por ser antigo, e não por ter uma qualidade intrínseca - é o que define um mero objeto de um objeto histórico. Analisando a importância da história para o homem, Gadamer afirma: “o homem é, simultaneamente, o ser do passado remoto e o ser que vive no seu futuro como grande horizonte de expectativa e vasto campo de projetos que o seu ser modelado pela sua história lhe abre.” (GADAMER, 1988: 12). Esse ‘ser modelado pela história’, no entanto, é impensável sem a preocupação, consciente ou inconsciente, com a historicidade.
É nessa historicidade que os movimentos daquelas décadas representam papel preponderante em nosso fazer pagão de hoje!
Em outras palavras, não devemos menosprezar a história do feminino e suas manifestações, mas considerar seriamente a representatividade que ativistas feministas dos anos 70, possuem no que hoje é o paganismo feminino.

Mas vamos ao rótulo ou bandeira, ou denominação, e a qual venha a ser ela.
Entendo que assim como eu, outras pagãs, possam se encaixar no conceito da Bruxa Eco-feminista Pagã.

Um conceito que pega emprestado muito do que foi elaborado pelos movimentos ativistas femininos pagãos como os encabeçados por Starhawk, ZZ. Budapest, por exemplo, e por movimentos dentro do universo psicanalítico, onde podemos citar a seguidoras e revisionistas junguianas como: Jean Shinoda Bolem; Marion Woodman; Christine Downing, entre outras.
Elas que em suas analises pessoais e interpessoais resgatam o conceito da identificação da nossa psiquê e os arquétipos das deidades femininas oriundas em base à mitologia grega, mas que hoje em dia abarca a outras.
Bem, podem estar pensando, isso é o Dianismo... Não. Não necessariamente dentro do conceito a ser elaborado e construído; onde a mulher pagã se entende como um ser politicamente ativo, não apenas em relação aos direitos civis, mas ao resgate da Terra.

Bruxa, sem necessitar filiação a uma Tradição oficial por assim dizer, mas sim sendo Bruxa no seu fazer cotidiano, como um ser “pro – Verde”; “pro – Vida”, logo Ecológika. Como ser crente na magia, no criar magia. Sem idealizar um estereotipo fantasioso, mas imprimindo a esse fazer, a esse criar, conotações ativistas. Exercer seu panteísmo e politeísmo abertamente, sem o sentimento de categorização, de classificação, de grupo fechado... Poder ser livre no percurso da sua trilha espiritual, sem ter que prestar contas ao coletivo.
Mas inserindo essa religiosidade dentro do seu entendimento como ser social, não como subcategoria, ou contracultura; nada disso, somos uma cultura, somos uma categoria, a de mulheres ativistas pelos seus direitos espirituais, emocionais, físicos e civis. E dentro deles o direito à fala é imprescindível e inalienável, mesmo dentre os grupos femininos circulares, que de tanto rodopiar concluem por repetir o ato excludente que execram no patriarcalismo, ao massacrar o pensar de outras mulheres.
Vamos rodopiar de mãos dadas, girar em qualquer sentido, mas juntas. E nisto mora o feminismo.

Ser Feminista não pode hoje ser apreendido como mundo de fêmeas que excluem ao homem, mas um mundo de fêmeas que luta por seu lugar ao sol, pelo respeito para com sua ideologia, pelo o empoderamento do seu eu, tão dissipado e esmagado ao longo das eras.
Feministas somos as mulheres que respeitamos ao homem, e o encaramos de igual para igual, sem medo, nem incentivo à supremacia de sexo ou gênero.
Somos as fêmeas que criamos uma nova geração de seres abertos à diversidade, tolerantes, livres para escolher suas sendas no político, religioso e sexual.

Somos Pagãs por crer em várias deidades, crer na magia, crer na sobrevivência da Terra, por entender que depende do Verde a Vida. Entendemos como Sagrado o que nos cerca, O reverenciamos e nos permitimos lhe dar vários nomes. Interagimos com esse Sagrado, logo somos co-responsáveis dentro da dinâmica social por Ele.
Eis o que somos muitas mulheres pagãs, espalhadas pelo mundo afora: Bruxas Eco-Feministas Pagãs.

Neste epíteto, está a explicação do nosso fazer espiritual, eis a explicação para aquelas que como eu, já percorreram “n” caminhos, já realizaram “n” estudos, leituras, mergulharam em centenas de livros, pensamentos e sonhos. E hoje descobrem que podem usar essa bandeira, nomenclatura, denominação.

Para aquelas que carecem de antiqüíssimas raízes lendárias ancestrais em núcleos de Bruxos, pois não tiveram a sorte de herdá-los, para as que não se encaixam dentro dos parâmetros das diversas linhas pagãs, como os caminhos conhecidos pela sua necessidade de iniciações oficiais, para aquelas que são Bruxas, que sentem nas veias a vida circular, que sentem na alma, na mente e no coração o Paganismo gritar e o Eco-Feminismo clamar!

Bênçãos Deles!

Luciana Onofre
São Luis, 16/05/08


Bibliografia Consultada:
A Deusa Interior – Jennifer Barker Woolger & Roger J. Woolger. Ed. Cultrix.
A Deusa Tríplice – Adam McLean. Ed. Cultrix.
A Deusa no Escritório – ZZ. Budapest. Ed. Agora.
Bruxaria e História – Carlos Figueiredo Nogueira. Ed. USC.
Como se escreve a história e Foucault revoluciona a história – Paul Veyne. Ed. UnB.
História e Historicidade - H.G. Gadamer. Ed. Gradiva. Lisboa.
A Dança Cósmica das Feiticeiras – Starhawk. Ed. Nova Era.

Compartilho da visão da minha irmã Luciana, esperando que essa semente brote nos corações de outras mulheres, dando as mãos e buscando por seus direitos e os direitos de nossa Mãe Terra, o Ecofeminismo Pagão é uma espiritualidade sim, mas que tem todo um ativismo, recicle, faça uso consciente da água, reutilize vidros, pet, passe esse respeito para seus filhos e familia, somos uma teia, estamos todas interligadas. Espalhe essa mensagem!!!
Que a Deusa continue zelando por todas nós.